sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Brasileiro registra a ISS passando pelo Sol




Imagem obtida pelo astrônomo amador Leo Caldas revela a Estação Espacial Internacional passando à frente do Sol.

A oportunidade de ver um evento celeste cria uma estranha conexão nossa com o cosmos, como fôssemos testemunhas de algo maior do que a própria vida. Foi assim que o astrônomo amador Leo Caldas, de Brasília, me mandou um relato curioso dos esforços dele de registrar a passagem da Estação Espacial Internacional (ISS) à frente do disco solar, no último dia 9 (quarta-feira). “Hoje tive uma prova de que o Universo muitas vezes conspira a nosso favor”, relatou Caldas, em mensagem ao Mensageiro Sideral pelo Facebook. O fenômeno duraria apenas um segundo, às 15h47, e nosso intrépido astrônomo amador saiu de câmera em punho por uma estrada a 45 km da capital federal para estar no local certo em que seria possível registrar a passagem. Tempo parcialmente nublado, as nuvens angustiavam Caldas enquanto ele aguardava o horário exato para apontar sua Canon SX50 (com zoom óptico de 50x), com um filme velado de raio-X à frente da lente para poder registrar a superfície solar sem estouro de luz. “Às 15h47, apontei e comecei a dar o zoom quando um grande caminhão passou e balançou a câmera que estava nas minhas mãos fazendo eu perder o foco”, relata. “Assim que o consegui de novo, pude reparar coo pode ser boa e efêmera a satisfação do dever cumprido.”

Além da ISS, é possível ver algumas poucas manchas solares, fenômeno que foi objeto de estudo de Galileu Galilei, no século 17! Esse é um ótimo exemplo de como podemos participar dos acontecimentos celestes, mesmo sem grandes recursos. Quando pedi a Caldas autorização para divulgar o material dele, foi exatamente algo nessa linha que ele me disse. “Claro, inclusive para encorajar as pessoas que mesmo sem um equipamento de ponta podem tentar fazer o mesmo.”

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=F1JsZb2GtJc

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Astrônomos brasileiros descobrem a mais velha estrela gêmea do Sol

A estrela HIP 102152 tem idade estimada de 8,2 bilhões de anos, contra “apenas” 4,6 bilhões do Sol

"Irmã" mais velha: gêmea solar HIP 102152, situada a 250 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Capricórnio
"Irmã" mais velha: gêmea solar HIP 102152, situada a 250 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Capricórnio (ESO/Digitized Sky Survey 2. Davide De Martin)
Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por brasileiros, anunciou nesta quarta-feira a descoberta da estrela gêmea do Sol mais velha conhecida até hoje.  Situada a 250 anos-luz da Terra,
na constelação do Capricórnio, a estrela HIP 102152 tem idade estimada de 8,2 bilhões de anos – contra "apenas" 4,6 bilhões do Sol.
Gêmeas solares são estrelas que possuem massa, temperatura e composição química semelhantes às do Sol. Elas ajudam os pesquisadores a prever o que deve acontecer com a estrela nos próximos bilhões de anos ou, no caso das gêmeas mais novas, como ela tem se modificado ao longo do tempo.
A descoberta da primeira gêmea solar, denominada 18 Scorpii, ocorreu em 1997. Desde então astrônomos do mundo todo procuram por mais astros com as mesmas características. A nova estrela gêmea, além de ser a mais velha, é mais parecida com o Sol do que qualquer outra.
O estudo foi realizado com dados do Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul (ESO), que fica no Deserto do Atacama, no Chile. Em mais de 40 noites de observação, os pesquisadores estudaram a composição química e outras características da estrela. O estudo que relata as descobertas da equipe foi divulgado nesta quarta-feira no site do periódico Astrophysical Journal Letters e sairá em sua versão impressa no próximo mês.
O mistério do lítio – O estudo já permitiu aos pesquisadores contribuir para a solução de um mistério de seis décadas. Por meio do estudo de meteoritos, os pesquisadores sabem que, durante sua formação, o Sol tinha uma quantidade de lítio muito maior do que a atual (estima-se que a quantidade existente agora corresponda a cerca de 1% da original). Gêmeas solares também têm quantidades maiores deste elemento. O que teria acontecido com o lítio presente no Sol?
Com a descoberta da HIP 102152, que tem em sua composição ainda menos lítio do que o Sol, os pesquisadores descobriram que há uma correlação entre a quantidade do elemento químico e a idade da estrela: conforme o astro envelhece, os processos que ocorrem em seu interior fazem com que a quantidade de lítio diminua.